Algumas vezes minha tia contou uma história do dia em que ela lavou o banheiro da escola por puro amor ao colégio. Era lavar ou ir a um banheiro sujo, e ela lavou, não só pra não usar um sanitário imundo, mas porque não queria ver a escola onde estudava tão mal cuidada. Eu sempre achei essa história muito "sem noção". Até que aconteceu parecido comigo.
Apaixonada por história e arquitetura que sou, sou fã declarada do Palácio Universitário. O conheço muito bem, já andei um bocado por aqueles corredores em menos de dois anos de faculdade e me abati muito ao ver as tristes cenas de ontem e de hoje.
Usando a desculpa de ser jornalista de plantão, tuitando freneticamente o que acontecia no prédio, fiquei lá até quase 7horas na noite, só saindo porque seria perigoso voltar para casa mais tarde. Na verdade, o motivo era outro. Eu estava tomada de uma melancolia sem tamanho, sequer sentia fome (o que para alguém como eu é coisa muito séria). Via os bombeiros inertes, parecendo admirar as chamas, via as chamas ficando mais fortes, ouvia vidraças quebrando e a abóbada da capela ceder ao fogo lentamente.
A tarde foi caindo, chegaram reforços, os bombeiros jogavam água pelos fundos e pela frente do prédio, por dentro e por cima, com o uso de escadas magirus. Mas porque demoraram tanto? Terá sido manobra política? Nem me fale em política a essa hora! Ontem já havia abutres tuitando propaganda de candidato a reitor.
Hoje estive lá. Em parte por ter que produzir nota para o TJ, porém na realidade, porque queria ver de verdade, ver se é verdade, se isso aconteceu, se deixaram mesmo isso acontecer.
Foto: Alyne Bittencourt |
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