Inspirei aquele cheiro, ainda descrente. Cheirei o papel ainda outra vez. Era o seu perfume, ou algo muito parecido com ele. Mas o que me impressionou mesmo foi eu ainda me lembrar dele. Tantos anos depois, ele continua marcado na minha memória olfativa. Por que será que você teima em não se apagar de mim?
Se fossem memórias boas, eu entenderia. Mas não são. Por sua culpa, deixei de acreditar no amor por muito tempo. Por sua culpa, me tornei uma pessoa mais fechada. Por sua culpa, fiquei mais desconfiada. Ainda bem que o destino me mostrou que as pessoas não são como você, e colocou um homem, e não um moleque, no meu caminho.
Não sei o que é pior: essa lembrança que me assalta a paz, ou saber que, provavelmente, você nem se lembra de mim, que não há nada para te roubar a calma, nenhuma memória que te irrite por já ter me amado.