quinta-feira, 10 de maio de 2012

Um ano depois

Acho que nunca parei para escrever sobre isso, nunca parei para falar sobre isso por completo. A data de 1 ano exato passou, mas esse fantasma ainda me assombra, e é preciso exorcizá-lo da maneira que eu conheço: escrevendo.

Tudo começou da maneira mais simples, menos "advinhável". Eram mosquinhas voando nos olhos. "Pfff, não é nada, sempre vi essas coisas", pensava. Mas o tempo passou, e surgiu uma mancha cinza que incomodava a visão. "Não deve ser nada". Eu insistia em me enganar. Até que a mancha se tornou preta, e as coisas mais banais, como me olhar no espelho para ver se o lado direito do rosto estava ok se tornaram "impossíveis", eu não enxergava com clareza. A mancha se tornou negra, um véu preto encobria parte da minha visão. Não tive mais como mentir para mim.

A incerteza deu lugar ao pavor, ainda mais ao me deparar com um fim de tarde, o céu escurecendo, eu na direção de um carro, a visão noturna abalada (talvez mais pelo psicológico do que pelo "fisiológico"). Naquela hora, nada do que eu tinha aprendido nas aulas de direção valia, esquecia de passar as marchas, de dar seta. Queria ver encurtada a distância até a Auto Escola. Ao chegar lá, nem o instrutor reconheceu meu modo de conduzir nos últimos metros do percurso.

Claro, não era eu, mas meu medo quem conduzira o carro no final da aula. O dia seguinte seria um dia-chave. Tudo começaria a mudar. Era dia de mapeamento de retina. Não ouvia falar nesse exame há um tempo. "Maldita clínica que não me passou esse exame no ano passado". Só que até chegar nisso, teve chão. Primeiro a demora para conseguir vaga no IBOL. Eu temia pela minha visão e queria ser atendida por uma boa equipe (essa foi a hora na qual agradeci por meu pai não ter conseguido trocar meu plano, ou sabe-se Deus se eu estaria enxergando algo). Depois foi minha mania de dedicação: adiar consulta porque eu talvez tivesse uma tarefa do projeto da faculdade. Por fim a consulta e o temor de ter me explicado mal, de a oftalmologista ter passado um exame que não fosse revelar meu verdadeiro mal. Porém, ela foi certeira.