sexta-feira, 3 de abril de 2009

O novo vestibular

O governo quer empreender reformas nos exames para o ingresso nas faculdades públicas, provavelmente um dos interesses do Estado é facilitar o acesso às instituições públicas, permitindo, através da unificação dos exames, que o aluno concorra a qualquer universidade em qualquer estado sem precisar fazer várias provas, correndo o risco de que as provas sejam agendadas para o mesmo dia. Outro ponto defendido pelos que discutem o assunto, principalmente os alunos que possivelmente serão afetados, é que a mudança facilitará o acesso de alunos mais pobres às universidades públicas, contudo o que ninguém fala é que ingressar na faculdade é o de menos, apesar da dificuldade, o difícil é se manter no curso.
Qualquer um que conhece o dia a dia de uma faculdade federal sabe o quão custoso é estudar: material, que é ainda mais caro em cursos com matérias relacionadas a desenho ou maquetes; cópias de textos, que são pedidas em alta quantidade nos cursos de Humanas; há ainda os gastos com alimentação e transporte, este último um dos piores, pois áreas como a Baixada Fluminense não contam com instituições federais, bem como a Zona Oeste carioca.
Uma prova dessa problemática já foi publicada há algum tempo no jornal "Extra", e dava conta de uma mãe e sua filha, residentes na Baixada Fluminense, que passaram para a Universidade Federal Fluminense, cujo campi fica em Niterói. Mas o salário da mãe não era suficiente para arcar com as despesas da casa junto das despesas com a faculdade.
Apenas a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro tem um alojamento, onde os alunos menos favorecidos podem morar sem pagar conta de luz nem água. Esse fato aliado à existência do restaurante universitário, que oferece refeições a preços módicos, facilita que alunos mais pobres possam estudar. Isso só reforça o fato de que o governo deve investir primeiro na infraestrutura necessária para receber os novos estudantes, e só então pensar nas reformas, porque, sem dúvida, é preciso que a população mais pobre possa gozar dos cursos gratuitos nas instituições de ensino superior público.

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