segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Sobre livros e refúgios


"Você tem ludo muito ultimamente. Não que você não leia, quero dizer... você tem lido mais... sistematicamente"

Essas palavras, ditas sem qualquer tom de crítica, grudaram feito carrapicho no cadarço do tênis quando eu era pequena. E eu fiquei matutando.

Realmente, estava lendo mais, embora estivesse na reta final da redação da monografia. Era livro no Kindle, conectado ao aplicativo do Kindle no celular pra eu poder ler no ônibus, just in case, ou em caso de almoço solitário, era livro na hora de ir ao banheiro (sim, tenho essa mania). Se fosse fino, melhor ainda: terminava rápido e eu poderia pegar logo um outro.

Meu primeiro impulso foi pensar que não passava da minha sanha competidora querendo aumentar o número do Paginômetro do Skoob. Mas, depois de ruminar (aprendi nas aulas de psicologia que a resposta que vem de pronto, geralmente, é uma enganação), acho que encontrei a pólvora: os livros eram uma fuga.

Afinal, eu estava mergulhada, há alguns meses, em leituras cansativas sobre protestos, internet, Twitter, jornalismo na web, espaço público. Enfim, temas que não figuram na lista dos meus livros preferidos.

Assim, entre uma citação e um artigo em inglês, comecei a procurar pequenos refúgios: um livreto de história, um de "crônicas", outro de propagandas de carros da década de 1950. Ou seja, coisas que me lembrassem que a monografia era algo passageiro, e que eu poderia, em breve, dedicar quanto tempo quisesse (ou algo próximo a isso) lendo apenas aquilo que realmente me interressasse.

Bom, amanhã defendo a monografia e passo essa página. Apesar de não saber se, com isso, fecho meu livro da Eco. Só que isso é assunto pra outra história.




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