sábado, 12 de julho de 2008

"Jogo" dos vários erros

As últimas semanas têm brindado, negativamente, o carioca com péssimos indícios sobre a "segurança" na cidade. O primeiro episódio notório foi a reprovável atitude de membros do exército que, fora de sua função constitucional, fazendo trabalho de polícia, atuando como seguranças de uma obra populista eleitoreira, levaram jovens de uma comunidade até uma comunidade rival para que os bandidos desta pudessem "dar um susto" nos rapazes, que foram assassinados. Depois tivemos mais uma prova do descaso com as áreas menos nobres da cidade: o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, comprometeu-se a instalar mil câmeras de segurança em pontos do Leme, para ajudar no policiamento da região. E por fim, a morte brutal do menino João Roberto Amorim Soares, morto por tiros vindos de armas de policiais militares do Rio de Janeiro.
O caso das câmeras só torna mais clara a forte dicotomia entre a política de segurança elaborada para as áreas de "alto nível" e a elaborada para as de "baixo nível". Enquanto na zona sul o surgimento de um movimento de milícias incomoda as autoridades, na zona oeste elas já são velhas conhecidas e pouco se faz. O combate é esporádico e não permanente, com reforço constante da segurança, como deveria ser feito, evitando que a população precisasse depender de segurança paga. Nas áreas onde os moradores têm alto poder aquisitivo, os tiros, janelas marcadas por disparos e as mortes revoltam. Nas áreas onde a população é assalariada e pega trem e ônibus, os tiros devem ser ouvidos, as janelas repostas ou não e as mortes toleradas, tudo se justifica muito facilmente. Mas na zona sul é diferente!! É pra lá que vão as câmeras, tentar coibir a ação dos bandidos porque o SOS Leme reclama. (Será que o que as outras áreas da cidade precisam de uma sociedade civil para serem ouvidas?? Fica a idéia).
Os outros dois casos comprovam a falência do Estado, um Estado que poupa verba cortando o treinamento daqueles que irão defender as vidas dos cidadãos, um Estado que dá aumento àqueles que estão nos altos cargos, mas que se esquece daqueles que devem cuidar da segurança de todos. Os militares do exército não são treinados, e nem precisariam ser, para estar em morros combatendo bandidos, está na constituição, seu dever é cuidar da soberania nacional. No lugar errado, na hora errada, na função errada, eles erraram também na reação ao desacato cometido pelos rapazes e ficaram com a imagem denegrida. Depois os policiais militares, que por falta de preparo para condições de perseguição acabaram vitimando um inocente. Os culpados não são os P.M.'s em si, mas a corporação e o Estado. Por isso, expulsá-los não é a melhor saída, pois após eles, virão outros, tão mal treinados e preparados quanto, que serão passíveis de cometer os mesmos erros.
A única forma de resolver o problema é a melhoria no treinamento, o investimento na preparação de nossos militares, para que eles sejam capazes de cumprir seu dever com a eficiência necessária e para que não mais tenhamos medo diante daqueles que deveriam fazer com que nos sentíssemos mais seguros.


Post by Alyne