sábado, 1 de agosto de 2015

Em respeito à saudade

Meu pseudo-moleskine *-*                                               Foto: Alyne Bittencourt

Não sei se isso vem da minha relação antiga com as palavras, se é porque eu sempre gostei muito de escrever, mas o fato é que eu valorizo muito as palavras e acho que algumas delas pedem para serem usadas mais vezes, enquanto outras merecem respeito, precisam quase de uma cerimônia antes de serem faladas.

E "saudade" é uma das que se encaixam no segundo grupo. Saudade é um dos sentimentos mais intensos que a gente tem, é intraduzível (ainda não ouvi qualquer palavra em outra língua que chegue perto). Enquanto o "amor" foi banalizado, e "eu te amo" virou "bom dia", dizer que está com "saudades" devia ser o elogio máximo, a maior honraria que alguém pode merecer.

Não gasto saudade à toa. Saudade é sentimento que precisa ser merecido, precisa justificar essa falta, essa vontade de estar perto, de ouvir a voz, de rir junto.

Escrevendo o texto, não sei como terminar, talvez porque a "saudade" seja algo que, de fato, nunca termina, só "dá um tempo". Ela dorme enquanto as pessoas estão perto e acorda com toda fúria ao menor sinal de despedida.